domingo, 7 de junho de 2009

"De Tarde" - Cesário Verde (1887)

"Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo o púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!"

É possível notar neste poema o contraste entre o campo e a cidade, contraste esse que é também notado na natureza humana (mulher do campo e mulher da cidade).
Cesário adora a vida no campo, acha-a mais calma e sincera, as pessoas são ingénuas e puras, o que lhe suscita o enorme fascínio que é traduzido na sua poesia.
A primeira estrofe, descreve uma acção simples, "em todo o caso dava uma aguarela",faz lembrar algo parado, em que há pouco movimento e nada de anormal sucede. Cesário faz também neste verso uma ligação a uma imagem pictórica.
Na segunda estrofe, Cesário descreve e atribui espaço ao poema, "A um granzoal azul de grão-de-bico", mais uma vez, Cesário cria uma imagem no nosso pensamento, uma ideia do que representa.
Na terceira estrofe, Cesário faz uma pequena referência ao tempo em que se encontra e continua a sua descrição do espaço: "Pouco depois, em cima duns penhascos","Nós acampámos, inda o Sol se via".
Na última estrofe, Cesário utiliza a comparação e tenta expressar que algo de belo ocorreu "Dos teus dois seios como duas rolas".
No oitavo e no décimo sexto verso, aparecem os versos que dão mais centralidade ao poema, "um ramalhete rubro de papoulas" e "O ramalhete rubro das papoulas", estes aparecem na posição central e final. No primeiro, Cesário utiliza o artigo indefinido "o", este tem o objectivo de não atribuir especial importância àquele ramalhete, no caso do último verso, o artigo é definido, pois nequele ramalhete há um valor único quando a mulher o coloca no decote.

Cesário Verde

"Além de ser uma réplica do realismo irónico queirosiano (...) o realismo lírico de Cesário Verde será o seu esforço de autenticidade anti-retoricista, com versos magistrais, salubres e sinceros"

Podendo ser incluído em géneros literários como o Impressionismo, Realismo ou Modernismo, Cesário Verde é um dos mais importantes poetas portugueses do século XIX.
A utilização de um realismo irónico, foi pretexto para várias comparações a Eça. No entanto, não só o realismo criou comparações; também o espectacular uso de algumas figuras de estilo como os eufemismos lhe valeram alguns elogios e fizeram lembrar Eça.
Cesário difundiu as ideias que captou através sentidos, dilacerou as suas sensações com objectividade, no entanto, ao pintar a sua tela, fá-lo com um carácter um tanto quanto impressionista o que leva a uma compreensão subjectiva da sua escrita e consequentemente do real.
Os seus versos, transpõem-nos a realidade de forma clara, sincera e objectiva; mostram um contraste entre o campo que Cesário adora e a cidade que tanto repudia.

sábado, 28 de março de 2009

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo

Alexandre Herculano foi um poeta, jornalista, historiador e escritor português da era do romantismo.
Nasceu em Lisboa no dia 28 de Março de 1810 e faleceu em Santarém a 13 de Setembro de 1877.
Os primeiros anos da sua vida foram marcados pelos antecedentes da Revolução Liberal de 1820, invasões francesas e o domínio inglês em Portugal.
Frequentou até aos 15 anos o colégio de S. Filipe de Nery. A sua formação foi feita com base no classicismo contudo com uma mentalidade aberta às novas ciências. Não pode seguir estudos universitários, no entanto adquiriu uma sólida formação em línguas.
Após a revolta contra o governo absolutista de D. Miguel, foi exilado em Inglaterra. Fez parte do exército liberal de D. Pedro na Ilha Terceira. Durante a sua estadia no exército fez algumas meritórias demandas que colocaram em risco a sua vida.
Quando os liberais vencem, Alexandre Herculano torna-se bibliotecário no Porto. Após algum tempo é convidado para a direcção da revista panorama. Durante o período que permanece como redactor, escreve algumas das suas mais importantes obras.
Com o lançamento da obra História de Portugal, Alexandre Herculano levantou uma grande polémica, esta era a primeira obra de historiografia cientifica em Portugal.
Depois do lançamento da obra, teve alguns convites para ingressar na política, rejeitou fazer parte do governo da Regeneração, assim como rejeitou as condecorações que lhe seriam atribuídas pela sua contribuição para a literatura portuguesa.
Foi-se retirando aos poucos do mundo da escrita. Quando se dá a sua mudança para Santarém, oficializa a sua saída do mundo da literatura e passa a dedicar-se à agricultura.
Morre vítima de uma pneumonia dupla.
Dos seus maiores feitos destacam-se a introdução da narrativa histórica em Portugal e a introdução do Romantismo a par com Almeida Garrett.

Bernardim Ribeiro

As informações sobre Bernardim Ribeiro são escassas. Sabe-se que foi um escritor renascentista português, natural de Torrão. Levantam-se algumas discussões sobre o seu período de vida. Especula-se que tenha nascido no ano de 1482 e que tenha perecido em 1552.
Estudiosos defendem que Bernardim Ribeiro entre 1507 e 1511 frequentou a Universidade de Lisboa. Noutro período da sua vida viajou até Itália onde enriqueceu a sua cultura literária, não há no entanto informações sobre a duração da sua estadia.
Dos seus feitos destaca-se a obra "Saudade",vulgarmente apelidada de "Menina e Moça" e,é-lhe atribuída a glória pela introdução do Bucolismo em Portugal.

Pode consultar informações sobre o Bucolismo ->aqui<-

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Análise a um discurso político

O discurso escolhido por mim foi discorrido por Durão Barroso acerca do desemprego na Europa, podemos encontrá-lo ->AQUI<-
Um discurso dirigido a um auditório universal constituirá um entrave a quem analisa. É difícil reconhecer qual a forma de discurso a adoptar, as opiniões do receptor vão divergir e a opinião do auditório será extremamente díspar.
Nota-se no discurso uma cuidada linguagem, não obstante da percepção de pessoas com menor teor literário.
Os argumentos embora quase inexistentes organizam-se de uma forma clara e regrada. O discurso tem a sua quota parte de demonstração, daí a ausência da argumentação.
Nota-se uma ausência de figuras de estilo; não há uma repetição dos argumentos que o orador possa querer ver realçados, o objectivo é anunciar e não refutar.
Assistimos ao uso da primeira pessoa, notando-se aqui uma identificação com o auditório, mostrando compreensão e a igualitária situação na qual o orador se encontra.
Em suma, não se constata uma "imposição" categórica relativamente a um modelo de sociedade ou de vida, notando-se sim, um desagravo da actual situação europeia relativamente ao desemprego.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Padre António Vieira e a Inquisição

Padre António Vieira foi também vítima da Inquisição. A sua pena não foi tão brutal quanto a de outros. Este perdeu o direito à palavra e foi obrigado a fixar a sua residência num colégio Jesuíta.
Conseguiu escapar de Portugal para o Brasil em 1675 através de uma missão da Companhia de Jesus.
A sua proximidade com o Papa, levou a que este tivesse o seu processo revisto pela Inquisição.
Algumas das histórias de perseguições levadas a cabo pela Inquisição tornaram-se lendas. No caso de Padre António Vieira não pode ser encontrado algo de verdadeiramente heróico; o processo e a inquirição foi feita em tribunal, Padre António Vieira não sofreu qualquer dano físico e teve a oportunidade de constituir uma forte defesa.
Ainda que o seu trabalho não tenha sido tão condicionado pela Inquisição como o de outros e que Padre António Vieira não tenha sofrido qualquer admoestação física, retiraram-lhe o que ele mais prezava e que executava melhor, a sua capacidade oratória. Padre António Vieira era extremamente eloquente, conseguindo nas mais variadas vezes constituir discursos que são ainda hoje bastante célebres.

Primeiro estranha-se, Depois entranha-se

Várias são as vezes que ouvimos a expressão "Primeiro estranha-se, Depois entranha-se". Poucos sabem que este slogan foi redigido por Fernando Pessoa a pedido da Coca-Cola em 1928. Actualmente é uma frase comummente utilizada nas mais variadas situações.